Logo no início da minha caminhada muitas pessoas da igreja me avisaram: Olha, seu chamado é missionário, busque à Deus sobre isso. Eu ouvia isso e resolvi ler sobre o assunto. Começou a tragédia. Até hoje eu sinto angustia e repulsa quando lembro da apologia ao sofrimento que o livro fazia, não consegui ter uma boa leitura logo de primeira e me desconectei da ideia. Eu não poderia fazer algo que meu coração não me pedia.
Porém, hoje, depois de alguns anos e algumas experiências vividas tenho repensado essa história. Recentemente ao passear em família numa tarde de fim de semana me deparei com pessoas necessitadas na porta de um banco. Eu sempre dei esmola à pessoas necessitadas, mas dessa vez foi diferente; eu senti a necessidade de dar uma palavra para aquelas pessoas. Isso nunca tinha acontecido comigo. Eu sempre estive na posição de doador, nunca antes eu tinha sido absorvido pela confiança e a determinação: "Eu tenho que dar uma palavra para essas pessoas!" Pensei. Mesmo sem saber direito eu me dirigi para aquelas pessoas e no meu coração uma sentença vibrava: Eles precisam de esperança e de cuidado e de amor, cuide deles.
Baseado nessa premissa me dirigi a todos e pela primeira vez na minha vida eu percebi o que significa matar a fome de pessoas sedentas. Toda minha vida eu havia oferecido Jesus em todas as oportunidades possíveis, mas dessa vez houve um poder prazeroso que me dominou do início ao fim daquele momento evangelístico. Eu me senti realmente útil ao Reino de Deus, alimentando a esperança daquelas pessoas com uma doação e algumas palavras encojadoras.
À partir desse dia passei a olhar com outros olhos a obra missionária. É como se eu estivesse tendo um gostinho de como é prazeroso operar no Reino de Deus em uma vocação original. Agora eu posso perceber melhor de onde vêm a confiança e o destemor dos missionários. Ela vem de Deus, do sobrenatural, do espiritual. Simplesmente, naquela atmosfera pesada de moradores de rua, houve um intervalo para falar de Deus e inexplicavelmente eu não me senti deprimido e rejeitado como sempre foi. Pela primeira vez eu me senti empoderado, hábil e surpreendentemente feliz e realizado naquela função.
Já me ofereci para servir como missionário na minha igreja oficialmente. Agora peço orações e revelações de Deus para que eu possa seguir o meu caminho. A experiência de levar assistência ao sedento me fascinou pela primeira vez de uma forma que eu jamais tinha conhecido.
Baruch HaShem!